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sexta-feira, 3 de julho de 2009

Ligeiro Pranto

- Eu não tenho muito para te dizer.
- Aproveite o tempo, invente se quiser, eu não vou me demorar.
- Você se acha, às vezes, realmente importante, não acha?
- Sim. Isso me acomete.
- Neste momento, portanto, queria te dizer que não procede.
- Que não o quê?
- Que você não é tão importante assim.
- Ah, não sou?
- Não.
- Não mesmo?
- É certo que não. (Ele se retira)
- Espera!

(Ele não volta).

- Frívolo! Infantil! Desmedido... É óbvio que ele importa, é óbvio. Mas não sabe brincar. Não sabe, eu sei. Não entende quando eu grito te odeio não compreende que pode ser amar. Acho por vezes que seja ignorante demais para mim. É bem o que acho. Incapaz de perceber essas sutilezas que fazem de mim quem eu sou. É bom mesmo que se tenha ido...

(Ele volta, fatigado)

- E eu achando que você viria atrás. Não sabendo brincar, poxa, me avisa. Isso evitaria ter corrido um quilômetro sem ninguém a me perseguir. Você me fatiga, às vezes. Olha, eu diria até mais. Acho que você cansa a minha beleza. Desculpa, mas parece haver em você uma inabilidade crônica, é verdade. Você é incapaz de brincar com as minhas palavras e ler meus olhos. O que faz? Permanece fixa no legível - no que eu digo - e perde a verdade aqui comigo...

- Aqui... Comigo. (Ele se aproxima dela) Dá-me um beijo.(Ele o faz) Com delicadeza, querido. Sou de pele não de pano. (Ele o faz com doçura, cria-se no olho dela um ligeiro pranto) Está bom desse jeito. Você me satisfaz. Eu sinto dizer mas o que eu desejo em ti é o prazer.

(Ele se retira)

(Ela espera, confiante)

(Voam pombos negros diante dela, vindo de onde ele agora, não mais virá. Porque virou a página)

(Escurece sobre ela)
.
(Ele.

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