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terça-feira, 20 de maio de 2014

vontade de ficar de olhos bem fechados

se eu pudesse
hoje, tal como ontem
ficaria assim
inerte
testando a possibilidade
de me esquecer
de mim
por um tempo

trago no corpo
explícito
um cansaço tão profundo
tão de dentro
que não sei como faço
para sorrir novamente

dói-me o corpo
ao te amar
doem-me as pernas
ao te prensar
(e o íntimo
dói também
gritando
fica aqui
comigo
até que eu aprenda
fica aqui
até que eu aprenda
que por vezes
a vida é isso
a vida não serve
viver
não presta)

e acordo
muitas horas depois
desmarco um
outro compromisso
refaço a agenda
eu tentando sempre me dar a certeza
de que é possível continuar

quando foi que eu caí nessa armadilha
da qual sempre tive consciência?

eu cansei de ser autônomo
eu quero ter mãe de volta
quero morar na casa
sem pagar contas
não quero banco
nem dinheiro

queria acordar e dormir
como personagem
de um jogo qualquer
que não precisa de nada para existir
que apenas existe

a poesia, minha amiga
escapole-me os dedos

que cansaço
que canseira
serão os astros?

meu único amigo, o tempo, passa lento
nem muito lento para não me torturar demais
nem tão depressa para não privar que eu me veja em tormento

a filosofia não serve
a poesia não me seduz
o filme no cinema não
a música alta me ensurdece
o que eu faço?

como
durmo
trepo
e aprendo
a virar samambaia?

!
 

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