Nada grave, como costumo dizer. Talvez seja tempo para tentar perceber por qual motivo meu ânimo flerta tanto o abismo. Ao fim dos cigarros eu culpo a dureza desse instante. Mas não. Sem cigarro eu me reconheço inerte frente ao meu cansaço, sim, cansaço em ser gente grande.
Os dias passam. Eu vivo o amor. Não tenho fome que não se cessa. Não me falta nem desejo nem labor. Quando foi que fiquei tão exigente a ponto de tornar a vida hipótese tão improvável?
Diria, jovem, ser culpa dos astros. Mas sei que não. O destempero está na ponta dos olhos e dos dedos que aqui escrevem estas rimas. Haverá num momento outro da minha vida a calma sem moleza para, de fato, tocar a certeza de que em alguma parte a vida será sempre e para sempre inatingida?
Sobrevivo apenas porque o segundo passa. Caso não passasse eu provavelmente pegaria um taxi e sairia deste tempo. Falta calma para olhar, sem cigarro, a ausência de certeza e a pulsação - constante e presente - de todas as ausências que me são medo.
Se eu pudesse, ainda assim, nada pediria. Quero apenas escorrer a vista ao mundo e brincar de saltar entre distintas azias. Sabe? Sem medo de dizer. Se num dia o dia me parecer claro ou por demais escuro: eu fecho os olhos para conhecer por fim o centro do mundo.
Tempo para o café me afagar.
Tempo no qual retomo um esquecimento: existe vida sem amor. Vida pura. Um pouco dela, agora, me apazigua.
Não há que se entender.
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