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domingo, 31 de julho de 2011

No Lago

Está escurecendo
ele se aproxima
hoje mais lento
do que ontem,

Ele posiciona os dois pés
nus
na borda
cimento-água
Ele ainda não sabe de nada,

A luz se fecha um pouco mais
nos seus olhos, porém
escuridão rima com seguir,

Ele adentra o espaço da água
e sente a própria lhe dizer
venha a mim, submergir.

Falo agora com a boca ainda livre
ainda agora foi-se o peito
os ombros manchados
foi-se a adolescência
e o ferver
da genitália.

Tudo quase está submerso
mas ele segue
hoje mais lento
que ontem,
rumo ao centro.

Que pode haver
num esconderijo d'água?

Ele avança
e se falo agora
é só porque minha boca
ainda não foi
afogada.

Morreram-se os braços
as mãos e os dedos,
todos,
hoje,
já morreram.

Mas ele segue
ciente do pecado
que hoje
parece ser
ele mesmo.
                       

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