optei sair para arejar a respiração. meu dentro clamando por algo que não tenho aqui, nem em mãos, nem sobre a mesa, nem em local algum. eu precisei sair para não esquecer que dentro de mim poderia cessar meu coração. sair para abraçar o perigo das ruas ao invés de se viciar na batida redundante do meu peito e de suas mãos. suas, mas minhas. suas do peito, eu quero dizer, não suas. meu peito gerencia todas as partes, todos os pedaços de mim (que remenda sem cessar). meu peito tentando segurar a queda que vem vindo, eu sei, eu sinto, eu sei. a queda, a tontura, o baque, a falta de vontade imensa para tomar uma ação e virar noutra curva que não seja essa mesma sobre a qual tenho tanto me perdido. ai, você. que foi que fui fazer? que foi que me permiti sofrer? no bom sentido, tudo de boa, eu aqui pensando que eu preciso sair para arejar essa minha escolha, a longo prazo. eu escolhendo para mim mesmo aquilo sem o qual eu me mato. eu escolhendo o mais difícil. eu sem ter escolha. como pode de uma hora para outra você perder o controle, a decisão, o ato livre de escolher se será feijão preto ou carioca? sair para a cidade velha de tantas outras horas. sair para os escombros, me encontrar com bueiros querendo, se possível, correr o risco de explodir num acidente qualquer. eu estou atrasado. a vida me chamando e eu aqui relutante, poetando. que boçal. que indiscreto. era pra ser leve, mas essa leveza não faz parte do meu canto. eu tô tenaz e endurecido. tô fritando a mufa e me jogando em todo e cada abismo. mas não é pra ver se você vem me socorrer. eu sei que não virás. eu tô tentando entender como faz pra te ajudar (pretensioso) a brincar aqui comigo? se você quiser, me avisa de maneira torta. eu interpreto, eu faço a tradução. eu te pergunto com clareza: você quer me dar sua mão? e pronto. a gente começa a caminhar pelo bosque.
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