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sábado, 8 de agosto de 2009

estanque

tudo aqui escrito é incerteza.

as palavras servem para se perder,
nenhuma delas é certeira.
tudo aqui assim exposto cheira a medo
tudo aqui exposto é um começo
que não tem fim
tudo aqui que morre
é porque não nasceu, enfim.

eu parei um segundo nisso pensando
certas coisas aqui não se colocam
porque são concretas
e meu sono vai distante com o peso das certezas expressas:
eu durmo feito peso de papel
sob o corpo as linhas com vírgulas pontos parágrafos
são incapazes de alcançar voo.

eu parei um segundo mesmo, foi coisa rápida
fiquei pensando que aqui
neste espaço
há só o que me retalha
há só o que tira o sono
há só esboço esboço esboço
dessa estrada

que não vem
que nem termina
esboço dessa vida
que no próprio viver
se azucrina.

eu estou um chato
melancólico
mas ainda assim
chato, perdido,
enjoado.

dentro, incapaz de saltar
enjoado
incapaz de curar
com medo
incapaz de saltar
saudoso
incapaz de escapar.
incapaz de escapar.
incapaz de estancar.
de estancar.
.

Um comentário:

Vanessa Gomes disse...

Um fingidor do seu sentimento, não és.
Seus textos são sensações opostas de Caeiro.

O concreto é sensação
paradoxo
vivente
que tira sono
suor e lágrima.
Suas palavras são insulinas
que preciso ler e ouvir.

Beijos meu menino

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