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sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Meninos meus

É que hoje me bateu como estou distante de vocês. Vocês aqui, correndo, e eu parado, perdido mesmo no centro. Eu sou o eixo dessa rota centrípeta, meninos. Mas a graça não está em mim, eu sou poste, vocês são alegria. Eu inerte sinto segurar toda essa sua pretensa rebeldia. Caras, eu estou parado, inevitável, ou olhando para vocês ou somente com os olhos fechados. Ou vocês ou a escuridão. Meninos, para mim não restam opções. Ou os vejo, ou escureço. É confuso. Vocês ao mesmo tempo sempre vão girar, e eu me enjôo, eu preciso às vezes me afastar. Então escureço. E dentro de mim, eu no escuro, eu adoeço. Eu começo a não saber como me ser. Eu me confundo de tudo. Eu não me posso sozinho ser. Daí abro os olhos. E vocês estão ali, meio cansados de tanto girar. Eu percebo. Que o seu cansaço e a minha renovação não combinam. Penso que eu deveria ter espiado, aberto os olhos com calma e paixão, para ver como vocês se divertiam naquele verão. Eu me pergunto se vocês não me perceberiam. Mesmo sem nada falar, me pergunto se em vocês há algo meu que me faça em vocês brilhar. Sempre denunciando a nossa recíproca paixão, um no outro, nu para o outro. Sempre. Daí me perco mesmo quando escureço. Me perco mesmo. E volto, posto sejam vocês meu eixo. Meus filhos, meu fim, meus começos.
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