Quero determinar os prazos
As mortes
De certas pendências
Em minha vida.
Dou-lhe seu último isqueiro
Para que se ateie fogo
Por completo
Até quando este gás durar
Até quando durar este afeto
Descabido
Da autodestruição.
Dou-lhe apenas mais este último
Para que nele se debruce
E se faça morrer
Para que nele veja a sua vida
Perecer
Sem sentido
Sem propósito
Mesmo sorrindo.
Não mais do que este
Um último
Por tudo já tentado
Este é o último
Inconscientemente estipulado
Aceito
Pacto travado
Com o corpo
E a agonia
De sua morte.
A minha poesia nasce no susto
Sem planejar
Sem nem sequer espaço
Possível
Para fazê-la germinar
Por isso morrem tantas
Tentadas
Não até o fim
Nem sempre por mim
Mal nascem e são jogadas
Estupradas
A sua beleza é a sua postura quando as olho
E me pergunto
Estão acabadas?
Quando eu judio demais do meu corpo
Palavras respondem em sobressalto
As coisas não se encaixam
E o não encaixe é a própria dor
Gritando
Velando
Pelo corpo que o próprio
- nosso –
Horror
Perfuro-me em músicas
Que gritam e dizem outras línguas
Queimo a pele em cigarros distintos
Todos para provar
Que sou livre
E quanto mais livre
Mais fadado à morte.
Mas não consigo separar
Não consigo morrer o corpo
E deixar a poesia superar
A beleza da putrefação
As cores distintas que o dito cujo escorre
Ao se despedir,
Minha cabeça pesa sem jeito
Querendo sobre a cama desabar
Entre a cama e a parede, porém há um vazio
Para a poeira acumular
Vez ou outra, acordo caído
Com a cabeça no buraco entre a cama-parede
Com o espaço que sempre esqueço de limpar
Eu potencializo
Aumento
Diminuo demais
Eu sou volátil
Incapaz talvez de te assegurar a limpidez
Da chuva
Sempre talvez ela será negra ou
escura.
Desse sol que sempre falo
Poucas vezes o olhei
Poucas vezes sustentei
Enfrentar
O artista
Da minha diária aniquilação.
Fumaço
Neblino
E me precipito,
Como entender um ciclo
Se todo o fim
É meu desejo de quedar?
Me jogo em tudo
E ignorante
Acho que rasgar faz sempre parte
Me juventudo
E digo o que nem sempre preciso
Achando que a sinceridade é amor
E que amar
É dizer sempre a verdade.
Lembro-me bem
A música em repetidas vezes
Os dois, nós dois
Avançando os corpos
E um terceiro ali
Espiando
Esperando
Para ver até onde conseguiríamos chegar
Caso conseguíssemos atuar
Que estávamos sós
Feito um Romeu
E sua Julieta.
Prorrogação.
O amor agora não pode chegar
Não estou pronto
Não estou limpo
Posso me decepcionar,
Só mais uma semana
O amor pode em seguida chegar
Meu amor, pode em seguida chegar
Pode chegar, meu amor
Já uma semana se passou
E você deve ter se esquecido
Vem.
Nunca tanto assim em fragmentos
Estou sedento
Por todas as gotas
Por tantos remendos,
Em fragmentos
Não quebrado
Mas comendo miúdos
Trocando trocados
E fazendo o dia ser inteiro
Repleto de tantos pedaços.
Falta adjetivar
Dizer doce em você
Viver rubro o amanhecer
Falta compreender
Que nem sempre um nome ira dizer
Isso que não consigo descrever.
Costas cravejadas
Não de beijos
Nem de arranhões,
Costa minha cravejada
Do peso
Das indecisões.
.
Há pessimismo demais em não ver o que há de morte
na vida.
.
Um comentário:
faltou a palvra torpor!
rsrs
brincadeira....
bem bom!
parabens
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