Passado o vento
algumas palavras alucinam meu pensar
Não foram assim fofas demais?
Como? se entre elas frisei tanto o despedaçar
se pintei tanto entre elas o precipício
a lágrima
e nem tanto o luar?
Passado o vento
os cabelos ainda estão plácidos
as roupas duras
são todas de plástico
Eu vi
eu vi as unhas
estavam limpas
e a terra molhada
molhada no chão ficou
molhada no chão secou
e nem tudo virou cinza
Certas existências
existem para perdurar
Para contar o caminho
Nem fim nem começo nem meio eu me aborreço
e me volto à elas para rememorar
quanto de mim é verdade
incapaz de te tocar
O que posso fazer
se o meu mais sincero filho
hoje
já passado
foi impreciso e autoritário?
Para onde foi minha verdade que o vento não quer largar?
Talvez eu deva mesmo e somente respirar
sugando dia após dia
como num solavanco da alma
todo o excesso ao ar enfim lançado
Que em alguém encontre um eco
um cheiro esquecido
que nas alturas você se escute
e veja o que fizeram contigo
Que nas alturas
você despenque
e venha aqui me ver
venha aqui me ler
e tente, por favor, me fazer compreender
tudo aquilo que dessa vez
eu sou plenamente incapaz de.
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