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quarta-feira, 21 de maio de 2008

Leia sem moderação

A pessoa tá quieta, impaciente porém sentada, num banco de uma tal praça.

- Você tá esperando o que?
- Ai, porra, já não sei. Tô mofando aqui.
- Não quer vir comigo?
- Eu não sou louco. Eu sou livre.
- Então... Quer?
- Quero uma ova. Sai daqui.
- A praça é pública.
- Mas o banco é só meu. Sai!
- Tudo bem. Você não pode me impedir de te olhar.
- Não posso... A não ser que eu te fure os olhos. Qual é?
- Tem alguém vigiando a gente, sabia?
- Quem?
- Alguém.
- Eu não sou louco, já disse.
- Tudo bem. Eu confio em você.
- Pra mim que se foda.
- Oi?
- Você ouviu.
- Tem realmente alguém tentando ouvir nossa conversa.
- Você tá falando sozinho, é só isso.
- Oi?
- Mas tem mesmo.
- O que?
- Alguém tentando ler o que eu tô dizendo.
- Onde?
- Pra mim que se foda. Se eu tô falando é para que me ouçam.
- Pois é...
- Odeio quem fala "pois é". Fala "tangerina"...
- Você quer?
- Não tô nem fudendo.
- Nem eu...
- Quero o que, porra?
- Tem alguém ouvindo a gente.
- E você acha que só você pode ouvir, caralho?
- Não, mas é que eu...
- Desencosta do meu banco!
- Eu encosto nele se eu quiser!
- Então encosta agora que eu quero ver.

A pessoa vai e mija em toda a extensão do banco da praça.

- Uréia. Quer?

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