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quarta-feira, 25 de julho de 2012

relato ---

me dei a obrigação de durar um pouco mais sobre aquilo que facilmente me comove
e que facilmente de mim eu afasto.
cansei de falar bonito.
minha prosa de fato é incrível.
eu sei.
mas quero usar tudo isso
para cavar abismos
e plantar soluções.

estou me irritando de uma forma que não pensei fosse possível.
por isso me obrigo ao cansaço
por isso me esfrego a face em frente ao tiro
que seja
que morra
que eu morra
o meu cansaço não tem jeito
eu não quero fama
nem muito dinheiro
eu quero dizer
que apenas
a morte
é o tiro
certeiro.

por isso vago
e aproveito a vaguidão dos dias sobre este mundo
eu vago tranquilo do tombo
porque o tombo é o tudo
é o que pode haver
não
não me estranhe
não simplifique
apenas fique ao meu lado
hoje
que seja
fique ao meu lado e venha perceber
como não há muito mais coisa para além disso.

criei já meus filhos.
e outros não cessam seu nascimento.
criei todos eles e ainda agora
junto a mim
e aos outros
eu os tenho.

o trabalho não vai cessar.
mas os olhos
a vista
tudo se parte
e ao meio
fica.

eu quero dizer
que a minha morte
talvez como a sua
é uma questão
de segundos

sejam eles poucos
sejam eles
muitos.

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