É quase um lamento
Chamar pelo seu nome
Que eu não sei.
Quase um momento
Em que eu estou tão perdido
Posto sem você
Jogado no meio desse caminho
Que poetas chamam o viver.
Estafa.
Dá vontade de não continuar.
Não é sofrer de ator, nem de autor
Quiçá de amante
É sofrer inoperante.
Que sofre independente das cores do dia
Que dói sem doer
E não é feito Camões
Porque não queima
Mas sim e somente
Se atormenta.
Um verbo em outra posição
Um pronome diante de um nome que não tem construção
Posto que é sonho.
Deposto do encanto
Eu sou apenas eu
E este é mesmo meu seguir
No caminho muitos jarros se entornam
E quem sabe você não volte a mim.
Mas não há ninguém
Eu escrevo sobre o quê
A gente se pega dizendo sobre um amor
Ou amante
Que sequer precisa existir.
Como se ser poeta fosse algo
Ou, pelo menos, fosse o nome aos sofredores do amor
Eu não sofro
Por amo.
Eu não morro
Se você se for.
Mas no ir e vir desses tormentos
Eu me reescrevo e reinvento
Um novo jeito de ser
Um novo silêncio
Que em meio ao som
Se possa fazer
Pleno.
Putrefato.
Aborígine.
E feito fermento,
Tipo pronto para germinar
Em idéias
Projetos
E amebas.
Treme música, treme, por favor
E me faça feliz por mais esse instante.
Venta vento, constante
E não deixe minhas costas perceberem sua ausência
Faça-as vagar sempre adiante
Sem ter tempo nem pausa para virar
Sem poder sequer imaginar
Que aquilo que resta
É sempre um corpo
Em putrefação.
Somos vermes, então?
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