Esticou os pés sob o edredon e eles viram a luz. Atravessaram o véu da noite fingida em plena tarde do dia. Queria dormir. Seus pés, queriam andar. Esticaram-se prolongando um suspiro que o edredon fez favor de esconder. Era suspiro fingido a choro. Era um gemido pedindo um consolo. Que não viria. A tarde fria assim respondeu. Nada dela poderia surgir. Era preciso, ele acertou, dormir.
Dormiu e nisso o mundo sonhou. Viu a mãe escorrendo no chão do banheiro molhado por óleo pingado da panela quente com fritura. Ela deslizou. Ele ali segurando não a conseguiu manter. Caíra a mãe no chão e viu o osso de sua perna extravazar-se, romper. Sonhora outras coisas, nenhuma delas segura. Na calçada, por exemplo, o desespero era para limpar o pé. A amiga ao seu lado apenas dizia, está sujo. E o pior, sujo desse esgoto. Ele com folhas na mão, limpava os pés meio com nojo. Mas no fundo, agora eu sei, se identificava. No sonho, não comprendemos o tempo nem o espaço, mas nada é simplesmente por nada.
Paga-se até mesmo um preço pelo perder.
Sentou-se na cama. Na sala a luz acessa. Sentiu no ar um cheiro perdido. O café vagava sem ele, foi preciso. Encher duas vezes a caneca e nela se entornar. Sentou-se diante dessa cadeira sem encosto. Pensou em coisas soltas, a contragosto. O corpo coçou. O que haveria aqui dentro? Perguntei e percebi, que seria impossível conhecer o mundo se não primeiro me revolvesse.
Choro agora por dentro, primeiro. Para lavar. Não para morrer. Para espremer por sob a pele aquilo que ela não pode compreender. Para tocar no corpo com mãos contaminadas de tudo aquilo que é estranho, pois ainda não provamos. Talvez nem eu. Talvez nem você. Talvez meu corpo tenha querido. Talvez o seu tenha lido um compreender. Mas não sabemos. Algo se move dentro sem parar.
Não seria sangue, apenas?
Dormiu e nisso o mundo sonhou. Viu a mãe escorrendo no chão do banheiro molhado por óleo pingado da panela quente com fritura. Ela deslizou. Ele ali segurando não a conseguiu manter. Caíra a mãe no chão e viu o osso de sua perna extravazar-se, romper. Sonhora outras coisas, nenhuma delas segura. Na calçada, por exemplo, o desespero era para limpar o pé. A amiga ao seu lado apenas dizia, está sujo. E o pior, sujo desse esgoto. Ele com folhas na mão, limpava os pés meio com nojo. Mas no fundo, agora eu sei, se identificava. No sonho, não comprendemos o tempo nem o espaço, mas nada é simplesmente por nada.
Paga-se até mesmo um preço pelo perder.
Sentou-se na cama. Na sala a luz acessa. Sentiu no ar um cheiro perdido. O café vagava sem ele, foi preciso. Encher duas vezes a caneca e nela se entornar. Sentou-se diante dessa cadeira sem encosto. Pensou em coisas soltas, a contragosto. O corpo coçou. O que haveria aqui dentro? Perguntei e percebi, que seria impossível conhecer o mundo se não primeiro me revolvesse.
Choro agora por dentro, primeiro. Para lavar. Não para morrer. Para espremer por sob a pele aquilo que ela não pode compreender. Para tocar no corpo com mãos contaminadas de tudo aquilo que é estranho, pois ainda não provamos. Talvez nem eu. Talvez nem você. Talvez meu corpo tenha querido. Talvez o seu tenha lido um compreender. Mas não sabemos. Algo se move dentro sem parar.
Não seria sangue, apenas?
Temo que sim,
feito garçonete de estréia
temo que assim
possa vir a minha primeira
escorregadela
minha primeira
incompreensão
minha estreiante
inquietude
ganhando o risco
de se tornar
realidade
em meio à praça
em cidade aberta.
.
feito garçonete de estréia
temo que assim
possa vir a minha primeira
escorregadela
minha primeira
incompreensão
minha estreiante
inquietude
ganhando o risco
de se tornar
realidade
em meio à praça
em cidade aberta.
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