Tudo partiu de uma partida:
sair de casa para através da estrada
encontrar-se a própria vida.
Que desejo é esse? O de escrever.
O que com ele posso fazer? Posso lhe dar vida
e fazer da intriga uma poesia
da dor morrida outra agonia
sempre escrevendo
sempre ditanto
em silêncio
os rumos que toma
o meu peito.
Desespero porque não posso conter.
Desespero porque nisso me vejo
de outro jeito
sob outro pretexto
eu me mutilo para perceber
quais cortes em mim doem mais
do que aqueles que risquei em você.
Temática Dor
Desespero
Porque assim também é o que agrada
A tal ponto de enlouquecer
de não querer que se rompa
esse cotonete incessante
que me faz sentir
a vida
a me escutar.
Eu escrevo para não me perder
para não me olvidar
quando tudo o que faço passa correndo
e aquele beijo que queria fosse eterno
já passou
e depois foi você
e agora eu estou sozinho
e tento assim
- no escrever -
compreender
ou
caso não consiga
e eu não consigo
tento no escrever os limites dessas dores
tento nisso as misturas de outras tintas
que vieram todas no dia em que você
desceu de onde estava
e veio até onde estou
tento os limites
atento aos limites
um último vôo
para romper a casca final
e poder, enfim, voar
EU QUERO ELA EU QUERO ELA EU QUERO ELA
E o que eu posso fazer?
Se o que você quer é meu também?
O que posso fazer?
Não me peça ajuda!
Desculpe-me a grosseria!
Mas são níveis de dores
que não podia até então
conceber
...
AH! COMO É HORRÍVEL! VER A SUA VIDA VERTENDO AO PRECIPÍCIO CRIADO POR QUEM NELE PULOU! COMO DÓI VER SEU AMOR TODO VAGANDO PERDIDO SEM TER PEITO ONDE APORTAR. COMO DÓI SENTIR O TEMPO TROTANDO A PELE E NELA VIR SE DEITAR COMO FOSSE O TEMPO A LETRA A DIZER QUE O CORPO MORRE, MAIS E MAIS, A CADA DIA.
..
.
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