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quarta-feira, 23 de julho de 2008

Eu quero morrer

Toda vez que você me pede uma cor
Que eu não sei fazer.

Eu quero morrer.
Toda vez que eu avanço
rumo à noite
mas sem nela
me desfazer.

Quero morrer.
A cada dia consumido
A cada segundo mordido
e remoído.

Eu preciso.
Já não posso ficar.
Meus olhos doem sozinhos
e nisso
sequer satisfeitos estão.

Fazem então com que eu olhe de maneira torta
para todas as coisas que precisam de uma decisão.

Já não aguento ficar de pé
ou sentado
e o meu sonho
meu desejo
meu desespero
é poder dormir para sempre.

Por isso quero morrer.

Pois a manhã que já chega está repleta de agonia

Nela e através da mesma
preciso ir vivo como quem prossegue cheio de vida

Tenho que ir íntegro
quando na verdade
tudo em mim
é ruína.

Eu quero dormir
Não morrer.

Quero sumir
E não deixar
de viver.

Quero apenas o descanso
para entender
com clareza
o tamanho do meu cansaço
o excesso do meu sofrer.

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