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sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

grafite

todos eles te transpiram
todos dizem seus verbos
e agem, como você o faz
não adianta, sua ficção
morreu ante a sua
constante
autovasculhação

tu és inoperante hoje
por tanto ter se mexido
e repensado
sob formas outras
que não si mesmo

sua escrita é dura
como seu coração
seus olhos secos
como a pele
e tímidos
como seu futuro
distante passageiro

as coisas não deram errado com você
as coisas simplesmente
não deram
e isso é tudo o que hoje temos

trama irregular
de soluços e ameaças
contra as quais
você ensaia se jogar

mas você não joga
você morreu
na tentativa de se descobrir
você morreu
na tentativa de se nomear

você está morto
e sua ignorância te salva
da dignidade que é ter ciência
para nada mais falar

segues falando
segues tramando
de novo e mais uma vez
aquilo tudo para o qual
hoje
novamente não
consegues sequer acenar.

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