todos eles te transpiram
todos dizem seus verbos
e agem, como você o faz
não adianta, sua ficção
morreu ante a sua
constante
autovasculhação
tu és inoperante hoje
por tanto ter se mexido
e repensado
sob formas outras
que não si mesmo
sua escrita é dura
como seu coração
seus olhos secos
como a pele
e tímidos
como seu futuro
distante passageiro
as coisas não deram errado com você
as coisas simplesmente
não deram
e isso é tudo o que hoje temos
trama irregular
de soluços e ameaças
contra as quais
você ensaia se jogar
mas você não joga
você morreu
na tentativa de se descobrir
você morreu
na tentativa de se nomear
você está morto
e sua ignorância te salva
da dignidade que é ter ciência
para nada mais falar
segues falando
segues tramando
de novo e mais uma vez
aquilo tudo para o qual
hoje
novamente não
consegues sequer acenar.
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