a única questão que atravessa as noites e os dias:
como faço para ser menos eu e mais o outro?
não ter respostas dinamita o amanhã
sigo trepidante na busca do inconsumível
traço planos medonhos, corto a pele
ausento-me da segurança do calor
e do abrigo
para quê?
permanece pequeno na imediatez de quem sonha
o que fazer?
as linhas me oferecem corda
eu sigo tramando planos
e engendrando auto-
vinganças
o que faço?
se você virou vocativo
se você não é nada
exceto corpo morto
ao qual me lanço
e destino
mas
tão só
tão solitário
vago e arredio
o que faço?
não tenho título
não temos sinopse, aqui, em jogo
nem narrativa que costure
os vazios.
não falamos nessa língua
não buscamos esse sentido
que fazer quando as interrogações
morrerem
e o silêncio consumir
as flores
os sóis e todos
os meninos
que fazer?
poesia?
fazer poesia?
que poesia fazer
quando se descobre não se tratar de nada disso?
.
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