eu aqui bebo
eu como
eu escrevo
e me divirto
lendo vendo um filme
eu me masturbo
e consumo voraz
o segundo já
morrido.
mas paro
um segundo
eu paro
e penso
eu penso
eu já nem sei se sinto
eu penso nos homens
penso nas mulheres
eu penso nos meninos com cabelos crescidos
penso nas meninas com coçeira
eu penso em tudo isso
penso em veias
penso nas ruas da cidade
abertas
e no entanto
tão longes de ser
abrigo.
meus olhos pesam
posso se quiser apagar as luzes
desligar o som
e dormir, pleno
ciente do café
ciente do pão
do queijo
e do jornal pela manhã
me invadindo.
eu posso tanto, meu deus
por que não posso resolver um pouco tudo isso?
por que ser cego?
por que fingir ser cego?
eu escreveria não aguentar mais isso
mas eu aguento
por que é que eu aguento
tudo isso?
queria ceder
ceder
até virar sede
fome
frio
e encontro.
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