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quinta-feira, 2 de junho de 2011

Movo

primeiro os olhos
não, eu me perco
primeiro movo
a cabeça
nela sim, residem
os tais oculares.

primeiro a cabeça
que então traduz
movimento
onde havia apenas
hoje
o ficar
o manter
o silêncio.

sim, nada novo
nada de novo
no entanto,
mais uma vez
por que me cobrar
a diferença?

ela sobrevive onde não há nada
nem sequer nossa presença;
e se chegamos
afoito como se costuma ser
ela esmaece e persiste
escondida
para além do que a cabeça
ou olhos possam ver.

recuo,
dentro eu sei sem saber
eu creio sem sentido
faz parte desse mistério
achar que se movem
as coisas
que tem como princípio
justamente o seu ficar
duro
cravado
persistente
e integral.

que graça pode haver nisso?

eu não sei
eu balanço a cabeça
eu sou alguém
que precisa alimentar essa ode
para não acabar mal.

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