Hoje eu não quero nada.
Deixo as músicas tentarem dizer
tudo o que já não importa mais
Eu cansei.
E não chove.
E nem há sol.
Pela casa a poeira se acomoda
e tudo resta assim: aos restos.
Se eu protesto? Não! Eu deixo
eu sou isso hoje sou ser perdido
ser que de tanto tentar ir
está agora assim
cansado
sentido
Eu não quero ser nada.
Hoje, ao menos,
preciso tentar vencer a tentação e nada ser.
No máximo, se quiseres
poderei ser memória
ser projeto futuro
mas nada imediato
Hoje eu sou tudo o que de mim foi ausentado
Não sou tempo possível nem quiçá espaço
Sou espectro. Ser raso.
Hoje eu sou tudo aquilo que não encontra definição num dicionário.
Hoje eu não existo.
___
FONTE: Estudos sobre análise do discurso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário