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quarta-feira, 12 de maio de 2010

des-graçe-me

Se eu já fui poeta um dia?

Se eu um dia já fui escritor?

Se já fui alguém que gostava de escrever?

Se já fui cínico?

Se fui perdedor?

Se aceitei o destino
se amei a derrota
se me enforquei no cobertor?

Eu não sei.

Eu não vou me cobrar.

Não vou me empurrar contra a minha própria parede.

Nelas escrevi palavras.

Mas nada fica.

Eu não vou parar.

Só estou parado mas até para dizer isso eu preciso articular

o nome só

o verbo parar

e o estado estar.

Eu estou vivo.

Por isso não consigo andar

Por isso não consigo escrever

Minha poesia está presente no dia

não vou sofrer para aqui postá-la

 

Deixe que voe de mim
deixe que se estire ao chão da sala

eu não vou sofrer

eu vou amar esse buraco

eu vou sorrir para a desgraça

de por não estar amando

estar mudo
sem dizer
sem sentir
sem ser
nada.

Apenas esperando

a próxima e desejada desgraça.

 

Alguém me desgraçe.

 

___
FONTE: o que estou sentindo neste momento em que termino a escrita.

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