29/08/07 .:. 20/02/09
eu quero um chá VINHO
um moletom
talvez um livro amigo
que possa ir e voltar e não sair do lugar
uma mesma música
cheia de pequenas novas surpresas
que sempre ali estiveram e no entanto
eu acostumado ao mundo
não percebi
eu quero espremer as antigas feridas
e nunca deixá-las cicatrizar
para ter no corpo o motivo
para não cansar de sarar
e assim
tornar-me bruto
e calejado
e diante disso tudo
sentir-se vivo e capaz
de diante ao contrário
sarar e cada vez mais
ser bruto
e sarar
e chorar apenas por distração
perdido no jardim das árvores que nunca vi
e que me assustam com a beleza de suas folhas laranjas!
Eu a vi,
Num dia desses em que caminhava rumo à rotina
E era tão linda
Tão cheia de si
E eu aqui Vazio de mim mesmo Conservando,
Mas feliz, também
Pois estou sempre segurando esse grito que não cala
Nem pode calar entretanto, o medo de o pronunciar De me despir o quanto amo certas coisas que não se amam
E dizer
Mas que me causam paixão
Canto alegremente
Talvez nem tanto
Mas testo a minha voz
Batendo-a contra o vento que rebate em meu rosto
Seco de lágrimas recém-mortas
E escritoras do tempo que passou por mim
Nada usual nem estranho e no entanto
Teimo em jogar jogos que me façam o novo
Queria um violino Um violão JÁ O TENHO. QUERO AGORA UM PIANO.
Um piano sobre o qual pudesse dormir
Tocando-me a própria música de ninar
Com o corpo que me quero adormecer
E vivo
Restar
Como me faço triste e alegre e a todo o momento
Reclamo das dores na coluna NOS PÉS
E da falta de tempo
Mas não percebo
Como ando devagar Mas corro tanto!
Sempre sem tempo Sem palavras que expliquem
O que teimo em explicar
Nem sempre precisa de explicação
Quero apenas fazer as cenas que se passam nos ventrículos e átrios do que sinto pulsar
Falsetes intermináveis de amor e dor e nada mais
Volto ao chão
Para sentir-me vivo e pulsante
Volto ao chão frio
Para sentir o calor que se esvai do meu corpo ao meu
Oscilo
E me sinto belo
Perdido entre as minhas dúvidas
Me sinto
Sim
Me sinto
Deixe-me sentir
Primeiro eu Primeiro eu, dessa vez, somente EU MINTO, EU SEMPRE ME SEMPRO
E já tenho fome
Queria tinta dessa vez
E nem precisaria de telas
Pois tenho a parede do meu quarto NOVO
Que já se descasca como as bananas maduras querendo ser comidas
Comida
Desejo comer
Com a fome descomunal
Agora sinto o cheiro
O aroma
O tempo escrito no ar passado pelo café quente SUOR SECO
Respiro longamente outra vez
E outra mais
E estou tonto
E a música acelera-me por inteiro O SILÊNCIO
Desfaleço, aos poucos,
Mas não vou morrer
Pois a vida voltou
Sabe-se lá de onde
Ao meu corpo
A mim
E isso às vezes basta
Saber-se vivo
Querer-se vivo
E vital
Cheio
Completo
ah, respiro novamente
e a música me acelera O SILÊNCIO quero viver! Sim, viver! Quero viver! Saber de tudo
Entender
Não entender
Quero tocar outras mãos
Errar
Crescer
Ver-me velho e a isso entender
Viver
Sorrir e chorar
Sorrindo estou e choro Como posso?
Simplesmente posso
E isso bastou
Nesse segundo que passou e que eu sei
Não mais voltará
E no entanto
Permaneceu Pois a lágrima que nele escorreu
Cravou-se na pele
O maior órgão de meu corpo
Piano
Water
É água
Meu Deus! DELS!
Filhos,
Permitir
Escolher
Vigiar contudo vocês, meus filhos
Que temo tanto em trazer, mostrar ao mundo
Pois sou fraco
Sim
Morro antes por temer a perda
Sou materialista
Sou amanterialista
Permita-me criar essa palavra
Amanterialista
Amanterialista
Preso aos amores que não saberia perder para o mundo
Amores que não sei perder e que no entanto
Querem se perder de mim
Como fosse eu algo de muito ruim
Algo somente ruim
Ou somente desnecessário
Ou vencido
Eu não me importo
Mas adoraria colecionar olhares
Não para ser notado
Mas para trocar a vida que revolve Solitária
Dentro de mim.
Eu amo
E provo neste momento A lágrima que ousou sair Como
Deixando-me sem graça
Em meio à solidão que divide comigo a sala escura
E o som das teclas que me escrevem nesta folha fictícia de papel branco
E são lágrimas salgadas
Levemente salgadas as torradas que comi nessa madrugada. O CREAM CRACKER COM QUALY
Agora
Queria ler contos eróticos
Sentir-me sujo
E limpo, confessemos
Somos nós mesmos quando com remelas
O sono guardado
Entre os cabelos oleosos
O mau-hálito matinal
Sempre traz um gosto
Que teimo chamar ocre
E nem sei o que significa Aleluia! ah...
Aleluia, aleluia, aleluia,
Neste momento,
Despejaria sobre o seu corpo
Toda a minha vergonha
A minha nudez
O meu corpo
Sobre o seu
Despejaria
Junto às cores
Ao cinza
Eu despejaria Minhas lágrimas
E nela
Feito uma mágica
Aquarelar ia a nossa existência. Eu quero ler tudo o que senti nessas palavras.
Volver ao corpo o que dele saiu,
Para deixar frisado cada desejo partido,
Pois foram desejados
Neste momento
E passado ele,
Sou mais velho
E vivo envelhecendo.
E não quero julgar valores de juventude,
Quero apenas comer minhas unhas sujas de metrô ÔNIBUS. NÃO TENHO ANDADO MUITO DE METRÔ
E depois disso
Lavar-me as mãos e criar na pia branca o suco de mundo que por elas hoje passou. AZUL
.
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