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domingo, 22 de fevereiro de 2009

O choro da felicidade seca

(PARA SE LER OUVINDO AS CORES DE MATISSE)

Eu me emociono
Em pensar que posso levantar os braços e estender as mãos no ar
Deixar que se sentissem
beijadas por algo capaz de envolvê-las através do tempo

Eu me emociono e não busco entender
Apenas sinto como o sentir é também compreender
Correr daqui, buscar outro se estabelecer
E a isso chamar viver

O que eu quero neste momento
É tão presente nele mesmo
Que não vale dizer o que penso
Se não desejo perder o instante
Se não quero deixar de me sentir
Vivo
Eterno
E repleto de inquietudes

Neste momento,

Em que uma lágrima morre
E uma das minhas dores se converte em cor
Em choque,
em conflito:

Os cânceres morrem-se em alegria
Evaporam-se
Convertem-se na pureza de viver-se
O cada dia.

Eu me emociono!

Faço-me perceber quando há em mim
Algo que não sei entender
Entendo-me completamente quando estou nu

Desboroado

Reflito-me no chão, o meu amigo
E contemplo a queda como resultado
Que logo vira o jogo
E teto!
Lanço ao alto através das pernas
O que permite de si sair sorrindo
A outra etapa
que sempre a diante
provoca todo o semblante irritado

As mãos no alto
Eu conservo neste momento
Sentindo a brisa que caminha em meio ao tempo
Trançando as pernas e braços e cabelos e pêlos

Eu me sou todo eu

Eu me sinto a todo, me faço a mim

Eu me contorno de letras e baladas e dores e me descubro vivo

Assim

preciso do que mais?

Somente do nada.
Em nada há mais.
.

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