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domingo, 19 de outubro de 2008

Anonimato

.
Isso é para provocar

é para se esconder
ou é para quê?

Já não consigo conceber
isso de atirar uma pedra
e em seguida me esconder
deixando o peito ferido
perdido
procurando a direção
do carinho que lhe foi destinado.

Já não consigo conceber
esse desejo que se mata acumulado
sem o mundo conhecer
sem testar a força do grito no ato
sem testar o ar no qual poderia
mas por medo
é incapaz de percorrer.

Me desculpa,
eu também já fui assim

Tinha medo de olhar se a certeza não estivesse dentro do meu bolso.

Tinha medo de atirar se o alvo já não estivesse morto.

Mas hoje, hoje mudou
e eu não posso mais acreditar
no amor holográficono amor holográficono amor holográficono amor holográficono amor holográfico
do amor feito sensação
quase incapaz de ser capturado

Não é questão de se identificar
não é questão de dizer um nome
ou classificar

Pois se assim não é então
eu contradigo estrofes passadas
e caio na cilada
de ver o amor vestindo máscaras

Sumindo
e surgindo
e fantasiando
a possibilidade de um encontro
que ainda é virtual
sem nome
sem ID

Amor sem identidade talvez não possa sobreviver
Talvez vire antes um câncer
que acaba antes por te comer
e assim

Amor não repartido extrapola o peito e só deixa um sorriso
molhado de bílis
regado ao gosto de ferro que há no sangue dessa boca que grita e não se esconde
mas ainda assim
boca que vaga perdida sem te ver no distante
caminho
dos passos
deste dia
.

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