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segunda-feira, 11 de abril de 2022

Um tremor, dois, talvez mais

A fidelidade do espelho então seria questionada. Nem toda a luz nele se conservaria. A escuridão também em ti se destacaria. Ver a si mesmo não é só alegria.

Às vezes, acorda-se sem pressão. Nem é preciso se ser, basta ir até a cozinha, esquentar a água e fazer o café. Mesmo no café, goela adentro, mesmo nos pequenos e cotidianos gestos, nem aí sería preciso ser alguém. Mas se por acaso viesse um tal espelho, pronto, a possibilidade de estar livro enfim se perderia. Ver-se num espelho é a estrada mais curta para aquela mesma ladainha. 

Em mim, sobre mim, eu, eu, latindo, eu, eu, sem rumo nem hinos, mas indo, sempre indo e querendo e lutando e bradando e rangido e tremendo. Tremendo. Você sem você é tão mais bonito. 

Acendo outra vela. Quantos minutos ela vive? Estar apagada é já ter morrido? Sendo resto, você, não é nada além do resto desprezível? 

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