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quarta-feira, 20 de abril de 2022

Soleira

Deixo o poema na soleira da porta

Depois dela, já no sono
ou sonho
O que poderia um verso?

Confio na viagem vindoura 
de mim só mesmo o cuidado 
Vá, poema, vá, e aproveite

Ele me olha, de costas para a porta
Não sabe se entra ou
retorna 

Eu lhe digo que vá 
Que depois que vamos 
Há muito mais, há mais ainda

Ele não parece convencido 

O poema me olha
Na soleira da porta
O poema está sozinho 

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