Olha
você está sem camisa
com as unhas roídas
Tem gosto de café
tem pão entre os dedos
e cheiro de manteiga
Você ouve uma banda
que até então
desconhecia
Você hoje mais que nunca
ama o som desconhecido
que as pessoas teimam
em criar, tão lindamente
Você sente dores no corpo
porque faz dois dias
dorme
Sozinho, em casa
você dorme
E o corpo estranha
tamanha comiseração
destinada a ele,
sempre tão judiado
Você está neste momento
(não neste momento exato)
mas nestes dias
você está terminando
de escrever o segundo
e começando a escrever
o terceiro ato
(de uma peça de teatro)
Quer dizer que você tá bobo
tá perdido
duvida de tudo
até mesmo do suicídio
Você está fadado a viver
e assim será
Viverá com certeza
este momento
Você está faz um dia sem fumar
ontem fumou
anteontem não fumou
Amanhã não fumará
Não mais cigarros
O seu corpo anseia por solução
e você só lhe dá o amargo,
sempre, Diogo
sempre, autocomiserado dizendo em suas poesias que é preciso vencer a autopena.
Não fode!
Não fode!
Você é fraco
e isso é o que temos para esta noite.
Vá
um dia
entreolhar os filhos aqui paridos
Vá perceber
entre eles
o porquê de sempre gemerem
o mesmo gemido!
Chega
vá escovar os dentes (que estão lhe caindo)
E durma,
hiperglicêmico.
Você não vai morrer
Não ainda
Você precisa entender muita coisa
sobre como se cuida de uma vida.
Você não vai morrer
e muito menos
Essa bosta de poesia.
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