Quero
e nisso ao pensar
nem espero
trago para dentro de mim
seu corpo feito neurônio
despido em meio a outros sexos
que não somente o meu
que não somente os teus
Revelo
a mim a mim só a mim
como sou sujo porco imundo
perdendo-me em você
refeito ao cúmulo
apenas para satisfazer
minha incompreensão
Se vens ou fica
se vais ou parte
eu não sei não quero saber
em mim eu recrio tudo aquilo que me invade
em lance
na esquina
em mim eu dou tempo para as ficções mais desmedidas
todas testam em mim sua plausibilidade
ou não, eu veto
o comum
o simples
eu não quero
sou fã das grandes alegorias
sou fã do jogo improvável
que consegues fazer com as mesmas rimas.
Quero
e nisso de te querer
de mim eu me solto
de ti me liberto
querer é o verbo mais livre
é a rima mais fatigada
todo mundo usa
e mesmo não a sendo
lá se vão os olhos fechando o horizonte
e concretizando em pensamento
aquilo que ainda hoje eu
espermo.
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