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quarta-feira, 28 de julho de 2010

[ApArEntE]

Sim, estou seco de sangue
Não tenho lágrimas nem para mim
nem para o bicho atropelado na saída do prédio.

Estou seco, vendido, sem máscara nem acentuação
a rima bate em mim e eco
sem fim
fazendo tudo metaforizar um desejo de sumiço
Desaparecer.

Não tenho lágrimas para mim mesmo. É isso,
é hoje sem dúvida o que está doendo
e dói sem fazer rangido
dói hoje conformado
todo o meu corpo
Eu não tenho solução no horizonte
E no entanto tudo está bem
tudo está morno

Acho que é só o cansaço.

 

 

 

Queria poder desenhar a vida, como se faz com as cenas de teatro
Queria poder mudar a intenção, ainda que a ação fosse sempre e outra vez a mesma

Esse ir, se desfazendo em meio ao tempo, lançando o corpo solto no espaço
e respirando, como se quisesse enfim ficar cheio de vazio

Repleto de qualquer coisa
Repleto de alguma coisa.,

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