Precisei cansar-me
Em primeiro lugar
De só a ter para mim,
E em segundo,
Cansar-me também
De só em você me ter.
Agora aprendi
O prazer inigualável
De poder te ter
E não te tendo
Ainda assim
Livre me ser,
Aprendi só agora
O saber-se livre
E também que caso
Dependa de mim
Posso eu de você
Não depender.
Agora sim,
Posso outros braços colher
Outros beijos tecer,
Em outras camas
Posso eu agora romper
Esse desejo reservado a ti
Esse intenso desejo
De vendo você em mim
Ir ao fundo e me entender.
Agora não,
Não é somente com você
Que compartilho meus trilhos
Meus medos
Meus sorrisos,
Há outros seres
Outros seios
Outros pedaços
- uns sim, passageiros -,
Nos quais me deitei
E que agora,
Reivindicam com sede
O cheiro do meu suor.
Estou colando
Em outras peles
Que não a sua,
Desovando em outros ninhos
Que não no seu,
Nebuloso mórbido e
Silencioso
Espelho para a alma.
Precisei-me gastar em você,
Sobre a sua forma
Para desnudo me ter
Medindo o tamanho
Do corpo
Tocando a textura
Da pele
Para ver-me agora assim,
Absorto diante da minha
Camaleônica
Multifacetada
Linha de gracejos.
Eu precisei me desentender
Com você, apenas
Para nisso encontrar
Minhas iras
E nelas revelar
Outras milhas
Que adentram minha
Profunda agonia em ser.
Agora, sim
Desejo outros fins
Pois o começo em ti
Eu tive,
O começo, em si
Detive.
E a seguir,
Ao ver em meus olhos
Outros refletidos
Saiba que são outros inícios
Nos quais vou me ter
Até que feito isso
Possa eu de você
Independer
E sendo assim
Ser-me o que você, sobre ti,
Ajudou-me a conhecer.
Um comentário:
bíutiful
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