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quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Suores

esse tal desejo se quebrou  tanto o usei
Precisei cansar-me
Em primeiro lugar
De só a ter para mim,

E em segundo,
Cansar-me também
De só em você me ter.

Agora aprendi
O prazer inigualável
De poder te ter
E não te tendo
Ainda assim
Livre me ser,

Aprendi só agora
O saber-se livre
E também que caso
Dependa de mim
Posso eu de você
Não depender.

Agora sim,
Posso outros braços colher
Outros beijos tecer,
quebrou-se  em mim pedaços
Em outras camas
Posso eu agora romper
Esse desejo reservado a ti
Esse intenso desejo
De vendo você em mim
Ir ao fundo e me entender.

Agora não,
Não é somente com você
Que compartilho meus trilhos
Meus medos
Meus sorrisos,

Há outros seres
Outros seios
Outros pedaços
- uns sim, passageiros -,
Nos quais me deitei
E que agora,
Reivindicam com sede
O cheiro do meu suor.

Estou colando
Em outras peles
Que não a sua,

Desovando em outros ninhos
Que não no seu,
Nebuloso mórbido e
Silencioso
Espelho para a alma.

Precisei-me gastar em você,
Sobre a sua forma
Para desnudo me ter
Medindo o tamanho
Do corpo
Tocando a textura
Da pele

Para ver-me agora assim,
Absorto diante da minha
Camaleônica
Multifacetada
Linha de gracejos.

Eu precisei me desentender
Com você, apenas
Para nisso encontrar
Minhas iras
E nelas revelar
Outras milhas
Que adentram minha
Profunda agonia em ser.

Agora, sim
Desejo outros fins
Pois o começo em ti
Eu tive,

O começo, em si
Detive.


 e agora  você precisa juntar  tudo  e redispor em mim  outro arranjo de dores

E a seguir,
Ao ver em meus olhos
Outros refletidos
Saiba que são outros inícios
Nos quais vou me ter
Até que feito isso
Possa eu de você
Independer
E sendo assim
Ser-me o que você, sobre ti,
Ajudou-me a conhecer.

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