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quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Morrer, portanto viver.

Possa eu viver
Ainda nesta vida
Anos demais
Em poucas horas.

Possa eu correr
Ainda neste dia
Horas além
Das permitidas.

Possa eu amar
Sujar-me
E me arrebentar

Estrepando-me
Entre muros vizinhos
E murros precisos
E suando entre beijos que eu não queria dar,

Eu espero
E peço
E corro atrás
Do que possa ainda me invalidar
Do que possa ser excessivo
E que me machuque
E me faça sangrar.

Pois
Eu cansei das linhas
Eu cansei do contorno
Eu cansei de só cansar
Eu por isso, desejo
E quero no dia seguinte pegar
O telefone
E nele o número
De um desconhecido ser
Discar.

Quero com outros corpos me encontrar
Quero neles beber
E a eles, saciar.

Eu quero-o, hoje.
Pois é somente hoje
Que meus verbos são ação
É somente hoje que tenho certeza
Sim, bate-me o coração.

É somente hoje que posso ler aquele livro
E somente hoje que posso eu, me lembrar,
Do que eu fui,
Pois hoje é preciso ir adiante
E saber-se antes
É uma maneira de seguir.

Que eu não queira morrer,
Apenas.
Mas que queira,
Sim,
Morrer por tanto viver.

Um comentário:

Caio Riscado disse...

é um grande desejo de vida.
esse número de telefone parace n aparecer nunca...só n se pode cansar de esperar.

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