Na hora
optei por sentir tudo o que viesse
Pensei que talvez fosse ser prudente
aprender a doer
sem fuga
Depois cansei
e quis o conforto
que não veio
A enfermeira fez arder todo um mundo
sobre a ponta escurecida
do meu dedo
Fechei os olhos
e cantarolei em silêncio
a dor é minha
não é de mais ninguém
Engano meu
esta dor é mais de fora
que de dentro
é mais de peito
que de dedo
Eis que agora
com mão imobilizada
tento escrever
e minha esquerda mão chora
sangue
Ligo o ventilador
em dia ameno
não para sentir vento
mas para afastar a dor
que me lembra apenas
o seguinte verso:
estou te amando
estou querendo
estou com medo
estou aqui
ser imenso
onde está
o seu beijo?
Sigo desbravando sonhos
para ver se te encontro
entre quadros
entre deturpadas animações
da mente
fervilhando entre desejos
sem fim nem começo
Onde?
Como?
Quando?
[...]
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