e eu ainda nem dormi. o dia não acordou, veio junto comigo, preso no olhar e na persistência das vagas. em alguns dias, tudo o que eu quero é fazer poesia. é ir com a palavra amando o mundo e dizendo as coisas, aumentando suas cores, intensificando horrores, indo embora, sem nem saber de nada.
hoje que ainda é ontem – porque não houve sono – eu estou de pé sentado ante ao computador. eu aqui escrevendo outra vez uma sempre nova e idêntica história de amor. amor meu sobre as coisas. amor meu sobre os segundos. sobre a chuva escorrendo rala e lambendo a minha face e o moletom do peito fazendo trepidar o sentimento logo assim amanhece o dia. que dia!
o sol cortando as pernas e esquentando as mãos. sombra. nada demais, tudo como já é. mas se avanço as mãos para perto da janela, sinto inevitável o sol lá de cima esquentando o meu corpo aqui embaixo. é disso que eu falava. é disso que não se é capaz de dizer que eu estava falando.
e agora, essa música indo assim sem fim, indo eu diria de mim. sim. as músicas. que libertas. os olhos, querendo dormir e o corpo rangendo o alongamento que interrompi. onde eu estou agora? com quem? busco algo ainda não encontrado, mas sei o que é? não quero mais perguntar nem mais quero responder.
isso tudo era apenas para dizer bom dia. para dizer bom ao dia. olhar para ele tocando seu vento e fazendo no suspiro o gesto do nosso encontro terreno.
ai, deus. às vezes o tudo é tão pouco. sinto-me…
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