que as coisas que gostaria que estivessem aqui não estão porque foram todas perdidas. esse esforço de dizer o que foi está arruinando a minha vida. eu preciso ser ficção? estou perdido neste antro rimado. nada que vivi desde então passou despercebido. tudo aqui foi lançado. e eu fiquei seco. eu fui por mim mesmo apropriado. roubei-me de mim em troca de poesias. e agora, que faço estando assim tão rendido? eu escrevi esta alguma coisa que veio antes e depois me caiu a ficha. depois eu fiquei pensando que nada escapou às palavras. eu pûs tudo aqui. toda verdade. toda mentira. eu disse tudo mas não soube viver aquilo que era poesia. minha vida me foi roubada por mim mesmo e a mim eu sequer dei a chance de ser poesia ambulante, de ser gesto neologístico, de ser algo assim, tão potente… eu me disse inteiro. penso agora, que vou dizer a ruína da minha vida mirando a dos outros. é mesmo um desafio. deste agora adiante, tudo o que virá será o outro. me esconderei nas suas rimas, me esconderei nas narrativas. é bom que eu treino outra rima possível que não seja eu, que não seja mais morreu, nem fudeu, nem rompeu… outra rima mais tenaz que não seja capaz de me entregar de imediato. haverá trabalho. sim. estava mesmo chato. quero agora aprender a escrever histórias.
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