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quinta-feira, 17 de março de 2022

pegar os pedaços

Hoje te flagrei triste
Mas sem exagero
Te ouvi convocando a si mesmo
Dizendo pega os pedaços 
Pedindo pegue-se no colo
Deve haver algum remendo
Possivelmente há 
E nem escrevo para celebrar
Tristezas antes o faço para listar
Um dos pedaços que já brilham
Quando você imagina, Diogo, 
Ser possível se pegar para descobrir
O que poderíamos fazer para esse
Estranho instante se desfazer.

Já está dado, não vês? 

Que beleza é pedir a si mesmo que se pegue no colo a fim de algum conserto.
Que força, meu amigo, soa até exagero. 
Tua estranha dor não é inoportuna 
Ela te expõe, escuta 

Você é esse aí, 
Chora e brilha, 
Sonha e liga, 
Beija e dorme, 
O balé vale à pena

Sabes que um segundo dura muito e que o sempre sempre passa

Então vai, 
Num canto, 
Cheio de vírgulas, 
Pegue-se todo e por inteiro, 
Aos pedaços se reúna e barroco
Chore-se

Estás mesmo precisando de um bom banho
Banho onde água quente ou fria não importaria 
Banho lágrima que meio morno meio ácido
é só a vida 


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