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sábado, 26 de março de 2022

destempo

Ah, por certo
Algo escapa
Inclusive dele
Oh, tempo
Uma risada
(palavra feia) 
Ou mesmo aquele brevíssimo toque
Seu na minha nua nuca
Algo escapa
E fora do tempo
Vira mantra

Penso assim
Que aquele instante 
Que aquele brilhante 
Aquele momento 
Ingênuo de tão pequeno 
Sobreviva imenso
Imenso, assim eu penso

Ascese improvável 
Fé desmedida
Aquilo que gostaria mesmo
Era de tocar a tua pele
Toda
Enfim

Já é tarde no país da solidão 
No país da ansiedade é carnaval
Passam-te tanto a mão 
Que findas o dia no fundo mesmo
Sem sobrancelhas

Nunca mantenha os olhos tão assim abertos
Nunca diga sempre
Sempre o nunca e se quiseres mesmo saber
Não importa o antes, quiçá o depois
Estás aqui e acolá é logo amanhã cedo

Ouve

O passado te celebra se fazendo presente 
O prazer ultra passado te reverencia
Junte-se ao poema, ele te pede

A pele rachando
O abafar das asas sonoras
A possibilidade de inteiramente desafinar
O estrondo tímido 
O então é o então será 
Impossível 
Perfeito 
Um adeus

Como se continua se o próprio poema não quer continuar? 

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