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quinta-feira, 31 de março de 2022

Dispêndio

Quando te pergunto do que valeu
Nem quero saber se algo você aprendeu 
Não me interesso pelos sucessos e fracassos
Eu quero mesmo é saber se você voltou
Voltaste até aquele poema?
Ou o tempo ficou corrido
Não dei conta disso e daquilo 
Ou as coisas acabaram ficando estranhas 
E então?
Voltaste ao poema? 

Leu de novo aquele furor
Daquele dia 
Aquela maldita rima 
Você voltou àquela estrofe
Você encarou de frente
Aquela afasia? 

Quando passa um mês um ano
Quando se concluem os planos 
Penso sempre em te perguntar 
Você voltou ao poema ou só 
O que tu fez foi celebrar? 
Bebeu bastante? 
Dançou enlouquecido? 

E não leu o poema?
Não voltaste ao que tinha escrito?
Não posso ser mais direto 
Mais franco seria impossível
Você voltou ao poema ou não? 
Diga sim ou diga não 

E a tarde tomba
A escuridão é de tremer as pernas
O futuro veio antes
E sofrendo as intempestividades
Morrerás unicamente
Por não ter lido
Aquela merda daquele maldito poema
Que já te dizia, lá no começo, 
Para não ir adiante. 

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