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terça-feira, 8 de março de 2022

A besta

Lá está ela
mais uma vez sobre a ponte
no rosto, o dito semblante
a força que a impele
aos futuros

Sabe bem que não pode isso
que não deve aquilo
sabe bastante que no caso dela
o fim é sinônimo de muitos
inícios

E mesmo assim lá ela está
sobre a ponte outra vez
em sapatos firmes e esverdeados
ela ciente de que lhe abriram
risos e braços só porque sim

Mulher
como sou
sempre existiu
Já não é essa a questão
já não é essa a questão

A questão parece ser
a questão é
quantos homens feito você
precisam repetidas vezes
desaparecer

desaparecer

E cruzou a ponto
bem agasalhada e fiel
ao sorriso que outrora
disseram que em seu rosto
se chamava bestial

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