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quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Cilada

A cabeça me dá voltas
Não quer me deixar restar.
Deita-se ao seu lado
E ela me faz pensar
Nos lados outros que não o seu
Onde um dia me pus a sonhar.

Onde estou agora?
Rendido entre o mistério
Do seu encontro
E a negação dos anteriores.

A cabeça me dá voltas.
Ela me conta que antes o toque
Remetia a outros cheiros. Ela compara
O seu ronco leve com outros mais
Grosseiros. O que desejas, cabeça minha?

Adoecer-me?

Queria viver o presente
Como quem traz nos lábios
A companhia morna do vivido.
Vinho seco secado na taça
Com perfume protegido.

Por que um novo amor se exige exterminar os que antes dele vieram?
Isso é coisa do amor ou coisa sua, cabeça minha?

Desconfio de ti.
Desconfio muito de ti.

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