Ela pegou o regador
e durante toda a tarde
enfim
o vaso com a planta
regou.
Ele pegou a colher
e durante toda a tarde
enfim
na panela quente
misturou.
Ela impôs seu amor
e molhando além chuva
aquele pé de uva
ou pé de pêssego
ou pé de desejo
enfim
ela molhou até o fim.
Ele mexeu até não parar
e mexendo a colher ali dentro
fez a sopa esquentar
fez o ponto chegar
o bolo não solar
fez enfim
um manjar.
E então precisaram dar tempo.
30 minutos.
1 dia apenas
apenas 1 momento.
E a uva nasceu
não sei se pêssego
ou amora
ou se amor.
E o manjar nasceu
não sei se duro
meio mole
feito mingau
liquidificador.
E quando ele a chamou
Ela veio cheia de terra molhada
Ele disse
Lave as mãos!
Ela disse
Você sabe fazer?
Ele disse
O manjar está pronto!
Ela disse
Doce de pêssego?
Ele disse
Quer provar?
Ela enfim
Sentou-se
limpou as mãos no colo do próprio vestido
e degustou aquele manjar
como se fosse ele
o fim
e o princípio
de tudo
de todo aquele amor
de cada gosto
gosto bom,
também é dor
Ele se sentou ao seu lado
as mãos sujas no tremer
E ela disse
Esse pêssego é pra você!
E comeram
Comeram
Comeram
Até nada mais restar sobre a mesa
Exceto os dois
Os dois
1 dois.
3 comentários:
é que muito me emocionou ver assim, tão de perto, de onde nascem seus filhos, que cor tem suas incubadores e como eles ganham o céu. ocorreu-me o tocar leve de um coração criador.
ig.
=*
digo:
incubadoras.
gosto
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