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segunda-feira, 3 de janeiro de 2022

Da solidão

Privado das notícias
apartado dos encontros
naturalmente
cedo ou tarde
A poesia me resgataria

Agora o que sinto
o que penso agora
tudo ou quase tudo
serve de gatilho
para que ela venha

O ordinário brilha
para além de si próprio
tudo mais imenso
mais delicado
tudo potencialmente um gesto,

mas não há nada acontecendo aqui

o que segue em curso é alguém
tentando se desacostumar de si

E isso é de uma solidão
que olha
nem sei
melhor nem
dizer

É de uma solidão tremenda
daquelas que nem seu eu
de outrora
te acompanha
é tudo novo e tudo se faz agora

Eu que não fumo e não me reconheço
após um dois dias sem fumar

Eu que ao acordar alongo a coluna
vertebral eu não me reconheço nesse

Eu que com calma traça os planos
e com calma eu com calma não sou eu

E as manhãs serão assim
perceba: hoje você fez algo
para comer e comeu
e agora está pronto para
trabalhar são nove horas

Alguém haveria um dia
de te contar o quanto a solidão
é mais um espaço
do que uma condição final
alguém te contaria, não?

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