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segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

3h30

olhei as horas no celular
era três e meia da manhã
nem mais nem menos
os barulhos vindos do
apartamento ao lado
me diziam anda acorda
é hora de escrever

relutei um pouco
mas cedi e acendi
o abajur e esquentei
a água fiz chá preto
urinei lavei o rosto
e peguei o carregador

do computador na tomada
ele em meu colo eu pensando
por onde começo se digo
do realismo ou capitalismo
se junto um no outro ou se
apenas me digo eu me digo?

escrevi umas seis páginas
menos ou mais não sei
aos poucos minha tese
vai aparecendo e eu nessa
oscilando entre aceitar
que eu falo de tudo o que

quero ou não é assim
se a vida anda meio
sem vida ao menos eu
escolho viver o que
ainda é possível viver
esta tese por exemplo

virou um porto um ponto
onde eu me acalmo apesar
de tanta agitação nela eu
fico na esperança de que
depois no depois lá longe
espero que nem tão longe

eu consiga respirar
e consiga me sorrir
e consiga cruzar os
delírios as loucuras
que eu consiga eu
gostaria muito de

poder conseguir
afastar para longe
bem longe de mim
esse rumor de fim
de morte e loucura
não sei não sei olha

se as coisas maravilhosas
acabam provisoriamente
acabam então eu preciso
acreditar que os momentos
horrendos também morrem
também acabam para depois

voltar ou voltarem?

não sei concordância
apesar de saber concordar

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