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domingo, 5 de dezembro de 2021

algo que te colocasse no colo e fizesse cafuné nessa cabeça assustada

Sem exageros
Sem grandes gestos
Sem amanhã 
Sem tudo sem nada
Assim parece bom
Sem muito sem pouco 
Assim parece possível 

Deito você em meu colo
E nem te peço que fale
Vamos ficar em silêncio 
Ouves? 
Meus dedos direitos 
Escavam o topo de seu crânio 
Pensas tanto 

Gastar tempo
Vencer no tempo
Feito estrada feito jornada
Jangada você pensa
Não não pense
Não pense em nada
Sobre você deito minha calma 

Não seria possível 
Que durasse tanto 
O tormento que te tempestade 
Há de haver um soluço 
Um soluço de pausa
Suspenso 
Você aguarda o futuro

Se já não podes falar
Digo que chores 
Quer chorar então chore 
Já já perde a graça 
E a agitação que te vive
Também ela
Passará das horas

Deitado
Cabelos teus entre meus dedos
Te afago não por seus crimes
Afago-te não por pena
Faço assim desse jeito
Porque eu vejo algo gostoso 
Enquanto você está lá atrás

Fique
Volte 
Chore se for o caso chore 
Eu estou aqui
Você está aqui
Deitado sobre o seu próprio colo 
Ouvindo de si próprio a oração que não falha

Lembra-se? 

Certa vez
A dor te ensinou 
Que se por estar vivo
Mais então doerás
Então é essa a batalha
Não desapaixonar 
Por mais um tanto

Não desapaixone 
Não desapaixone 
Não desapaixone
Eu te afago
Não não não 
Não se deixe
Não se deixe desapaixonar 

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