Hoje eu estou só.
Sentindo que meu mundo desaba
Porque a minha cama já é no chão
Porque a sala é vazia
Exceto por uma televisão
Eu sentindo o mundo desabar
Por causa das pequenas torneiras da casa
Que teimam em abrir
E jorrar
Mas não em depois escoar
A água suja do meu corpo
O vulto sujo do dia trôpego.
Por isso
Tudo muda a sua dimensão
E a alegria pequena vai pelo ralo
As tormentas a se preocupar
Multiplicam-se num só ato
Tudo parece mais grave
Todos os gritos mais agudos
Eu assim fico confuso
Temendo perder os laços que me prendem
Ao tudo
Que construí para mim.
Assim
Temo perder a vontade de viver
Essas pequenas coisas
E temo, perdidas elas
Que a vida não mais
Valha a pena.
Então eu chego em casa
E com fome, sempre com fome
Varro a extensão dos meus passos
O quarto
A sala
O banheiro
As migalhas da cozinha.
Eu passo um cheiro
Em cada lugar que meu corpo
Em putrefação
Escolhe para morrer
Mais um pouco
A cada dia.
Eu limpo a casa
E faço dela nova morada
Se houver ânimo
Mudo um móvel
Invento nova receita
E durmo feliz
Posto o corpo moído
Sobre o lençol corrido
Sobre o colchão vendido
Na liquidação.
E basta.
Levanto-me no dia seguinte confiante
Leio as previsões astrológicas e só as consumo caso delas precise
Caso não, não.
Simples assim
Da minha vida
As coisas participam
Somente se eu consentir
Somente sentindo
Realmente
Cada espirro
Cada espinho
Na garganta empoeirada
Somente assim
Nessa lida diária
Eu posso permitir dizer
Eu vivo
E você?
Um comentário:
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