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sábado, 29 de março de 2008

Audiência

Sumam daqui, todos!
Não digam nada!

Nunca disseram
então fiquem calados
não saibam se expressar
e apenas olhem o que não podem compreender.

Aliás, não olhem
Apenas pensem esse olhar
Pensem em escutar
Pensem e morram pela cabeça
Deixando o corpo ainda a respirar.

Sumam daqui!

Não me importa a sua presença
falsa presença que bate ficha
e não acrescenta.

Não se obrigue a me amar
Pois o meu amor é maior que o mundo
e este amor não me podem tirar.

Sumam e não se lembrem de voltar!
Sumam, pois não me importo quem se vá!

Se se foi, foi para não voltar.
Se não se foi, é porque o se ser
é incapaz de articular.

Portanto, sumam todos!,
e façam reverências a qualquer outra coisa

ao seu cu estrelado
ao seu pernil assado
ao pão de queijo congelado
reverenciem o papa
mas não a minha língua
não minhas palavras
não esboçem possível amor
se o amor em vocês nasceu morto

falso escroto mentiroso

não me comam e tenham prazer
pois a minha comida é incapaz de descrever

mas afastem-se de mim,
é o que peço
é o que obrigo
é o que clamo
e por isso queimo
e me estresso
e perco o rumo

pois eu não posso com hipocrisia

se já me é tão impossível a guerra entre
o ser e o não ser
também não me importa se isso
alguém está para ver.

Nada me importa afora o fato,
duro feito pedra,
do nosso despencar.

E queridos ouvintes,
estamos caindo
e no fim
cacos
acenam
para mim.

Um comentário:

Anônimo disse...

bravo!

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