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segunda-feira, 13 de agosto de 2018

Roube como um artista?!

Não temos como controlar essa sua mania, esse seu vício, essa sua grande virtude.
Você rouba coisas que não são suas. Rouba e sequer menciona o ser roubado.
Já entendi, já entendemos, já foi o tempo em que isso me deixava preocupado.
Sabe por quê?
Porque assim:
quando você rouba o que não é seu, para se dar a ilusão de ser outro que você não é,
ainda mais distante você se coloca de quem você poderia vir a ser.
É tão simples. Tão forte. É quase uma maldição.
Eu escrevo. Você rouba. Eu não ligo. Rouba, rouba, pode roubar.
Nos dias que seguirem, por uns instantes, eu sei, você vai se sentir o cara
Dono de palavras que soam bonitas, mas que não saíram do seu próprio gesto
Sozinho, eu sei, já fiz isso (só que aprendi), sozinho você vai se flagrar no espelho
e certa noite vai-se acabar numa lufada de tempo
Vai se ver confuso, bobo, besta,se perceber tão tão supérfluo
Eu sei, já foi assim comigo certa vez
Ali
naquele instante
Aprendi
eu aprendi
que a vida não se faz à força
Aprendi a delicadeza
A delicadeza da fome
A fome do saber, sabe?
Aprendi como me tornar tranquilo
mais calmo, mais tenso, talvez, mais magro
para assim, tranquilo, sim, ver brotar a revelação de alguma descoberta.
Pode roubar, rouba. A sua ação
me faz cócegas de ameba.

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