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quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

estertor suavíssimo

e então eu sei
que sem seu som
eu nada sou
eu nada saberei
sentir ou sofrer
sangrar
ou sorver

nem café quente
nem chás gelados
eu não saberei continuar o dia
sem você aqui
e ali acá
e acolá

sacolé?
não saberei chupar

sucesso?
não saberei vestir

sobrarei feito legume no recipiente esquecido
que com o tempo
nu no tempo
vai se perdendo
até murchar
não saberei sequer
sorrir

vês?
sem seu som
sem seu suave som
cor de sono
meus dias nascem luminosos
e morrem saturados

os sóis hão de rimar apenas com solidão
e as unhas
no suicídio haverão de encontrar
seu destino
                                 

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