dorme agora
entre as espinhas
da minha coluna
arrasada
dorme na beira dos olhos
lágrimas ainda não lágrimas
dorme tudo delicado
em meu peito
hoje
aqui
a ira desse mundo
por vezes
me toma inteiro
e resto eu
dentro de casa
só (com o gato)
perguntando-me:
de que jeito?
será possível
ultrapassar
o nó deste tempo?
a poesia
ansiosa
escapole a boca
vira verso
e faz tiroteio
qualquer violino hoje
se tocado
me queimaria o íntimo
faria de mim
recreio passageiro
como durar
frente à miséria do homem
rico em desnorteio?
uma última fogueira
em dilúvio
me chama
para onde ir
que não somente
para o cerne da vida
para o centro
dessa merda toda?
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