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segunda-feira, 14 de abril de 2014

uma comoção delicada

dorme agora
entre as espinhas
da minha coluna
arrasada

dorme na beira dos olhos
lágrimas ainda não lágrimas
dorme tudo delicado
em meu peito
hoje
aqui

a ira desse mundo
por vezes
me toma inteiro
e resto eu
dentro de casa
só (com o gato)
perguntando-me:

de que jeito?

será possível
ultrapassar

o nó deste tempo?

a poesia
ansiosa
escapole a boca
vira verso
e faz tiroteio

qualquer violino hoje
se tocado
me queimaria o íntimo
faria de mim
recreio passageiro

como durar
frente à miséria do homem
rico em desnorteio?

uma última fogueira
em dilúvio
me chama

para onde ir
que não somente
para o cerne da vida
para o centro
dessa merda toda?

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