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terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

dom

dor maior
não sei como agir
sinto que perdi
o tempo
em busca constante
mas e agora
o que faço
se fiz do meu presente
dança inoperante?

que fazer
eu pergunto
sem força ou tiro
que arrebente o destino
em possibilidade.

eu hoje por sobre mim me lanço
sem dor excessiva ou embargo

eu me lanço sobre mim
buscando nisso certa validade
certa resposta capaz de me deter
junto ao tempo.

queria ter dado certo faz tempo, mãe

só que não veio
e isso não me entristece
meu encanto pelo mundo
foi mais simples
não teve o brilho
nem a eternidade
da sua televisão.

se me olhasses, mãe

com olhos humanos
se me visse sem piedade
e sem excesso de cor
e pranto
talvez eu lhe bastasse.

mas perdi
para ti sou já ser ido
poderia
para ti
se me houvesse vergonha
entrar na fila
e ser mais um banco
ou corporação

não quis
não quero
não posso
isso não.

dentro de mim, mãe
as forças sem nome
pedem caminho
e comunhão.

a minha pele enrubece
com o distinto
que é a revelação
o toque
a fala
a cor sem cor
a tinta sem cola
o brilho capaz de ser esquecido.

o meu tempo sobre o mundo, mãe
o meu tempo já passou
é hoje
história em poeira-livro

eu vivo
atualmente
a possibilidade que morreu em tempos idos.

eu vivo você, mãe
sua história embaçada
eu vivo o seu pai, meu avô

sua guerra e seu paternalismo-jaula.

eu não quero viver nuvens
eu não gosto de vida-novela

me perdoe

mas no domingão do faustão
o máximo que haverá sobre mim
será o seu olhar persistente
vagando sobre a tela
a procura do filho
que você não teve.

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