Por vezes
me chateia.
Fica meio cara suja
meio filho da rua
cuja vulva
da qual nasceu
sequer se anuncia
e apenas
pende
cansada
com algo nos lábios a dizer
mas incapaz
de se compreender.
A coisa toda mal feita
me tortura
Não fosse apenas mal
ainda fosse feita
conduta
precisa
coisa
estúpida.
Por vezes me chateia
Por vezes eu amanheço
e penso
"é preciso resolver"
É que a coisa assim
mal feita
pela metade
sem o último toque que nos dá o rótulo de nossa identidade
então
é dessa coisa aí
que parte a mediocridade.
E se alguém aplaude?
Pior: você olha para o seu filho e aceita
"poderia ser pior"
Mais feio
fedido
sem jeito
Filho impreciso
inimigo
do corpo
e do seio
da mãe
que se diz cansada de amamentar
da mãe
que se diz e que se diz e que se diz
é porque tem medo
que o mundo reconheça
ali
no filho gemido
o seu traço perdido
o seu ranço fudido
o seu precipício.
Ai
de coisas mal feitas ando eu cheio
Por isso
todo o cuidado com os filhos
todo o zelo
todo o selo
Não mais para qualquer um
Não mais assim
pela metade
na inevitabilidade
do partir a seguir.
Que morram de uma vez
os filhos caídos de mim
E que entre nós
uma nova raça
feita deles
possa ser erguer
e o mundo?
será outro
outro ser.
3 comentários:
da vulva, dos lábios...
é que pensando tb na arte da qual somos adeptos o poema cai como uma luva. se foi escrito para tal já n sei.mas deixo aqui meu parecer.
adorei o fundo novo do blog.
moderno
=*
ah!agora não tem como roubar seus textos!rsrs isso aí rapaz, manda bala! sabe que por influencia comecei a escrever um texto sobre suicidios!rsrs comento lá no outro blog! Parabéns pelos filhos! sucesso!
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